quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017


"Ela amava o céu. Era a coisa mais infinita que ela conheceu" 

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Imagem por Sara Mandolini
... e naquele instante ao vislumbrar o céu, um pedacinho de seu coração vibrou, voltas e voltas davam seu estômago em uma sinfonia bem engraçada, assim como ao mesmo tempo seus pés davam discretos pulinhos, almejando o momento em que iriam finalmente desgrudar do chão, e se atirar em tamanha imensidão. Andou para lá e para cá caçando ideias pelo ar, de repente olhou para a pequenina mesa de jatobá que estava a alguns passos de distância, pegou uns pedaços de papel que ali repousavam, e pois-se estirada ao chão planejando sua mais recente ideia: criar um par de asas. Desenhou um par de asas com carvão sobre o papel, esculpiu em argila, usou tinta óleo sobre papelão rasgado,  e até de garrafa pet ela tentou, mas nenhuma daquelas asas a permitiam voar do jeito que desejara. 

Num fim de tarde de céu bem límpido, que apresentava um espetáculo de nuvens multicoloridas ao horizonte, algumas manchas amareladas, e outras pinceladas de um violeta sútil, estivera deitada com alguns bons amigos sobre uma rocha a beira de um despenhadeiro, e quebrando o silêncio a bela irmã do seu amigo com seus cabelos roxos e uma aura mística, disse: 
- ei! experimente deitar de cabeça para baixo aqui sobre a roxa, você irá se surpreender. Num salto, deitou-se sobre a roxa, mas com medo de cair barranco a baixo segurou bem forte nas mãos de seus amigos, inclinou sua nuca e abriu bem seus olhos, parecia-lhe que o céu era todo seu, teve a infinita sensação de paz sobre tamanha grandiosidade invertida  sob seu corpo, veio-lhe em certo momento uma vertigem, sentia o tamanho de sua insignificância perante resplandecente grandiosidade. Pôde então perceber que suas asas não eram tangíveis nem perceptíveis aos olhos, mas não lhe restava dúvidas de que elas a levariam mais longe do que  poderia imaginar, continuou fitando o céu ao contrário, e sentia que aquela era a verdadeira posição do céu, toda aquela imensidão se tornara maior ainda, se perguntava se era possível uma imensidão, ser mais imensa do que já é, e toda aquele cenário petrificante dava-lhe uma única resposta. 

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Um comentário:

  1. lindo... às vezes precisamos de um quinto olhar, seja ele invertido ou do avesso pra gente se reinventar... bjos, querido... <3 parabéns pelo blog... adorei...

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