eu não me lembrava o quanto dói no peito, o tempo.
deixou de ser um movimento involuntário o ar que entra e sai do meu corpo, mas ainda consigo interpretar o percurso do fluido que passa e volta. ele está a maior parte do tempo, embolado no centro.
o invisível e o indizível de forma muito misteriosa permanecem armazenados dentro de alguma coisa que chamamos de alma, cuja entrada muitos dizem ser o olhar. eu acredito que a entrada seja pela aorta - algo me diz que as sensações vão muito além do que se pode ver.
essas sensações, sem o mínimo esforço rasgam, cortam, dilaceram e deixam aos pedaços, a ponto de impotencializar qualquer coisa. o fenômeno que rasga faz do ar que entra, violência - arde como os joelhos ralados do tombo que levamos na praça arapuã.
petrificado na cama, o sistema límbico começa a trabalhar, muito antes disso, o coração já dava indícios e como se fosse tarde demais, desejamos voltar para aquele dia que a nossa única preocupação era: - se nos veríamos no final de semana seguinte.
o amor transcende as barreiras do tempo, ao mesmo que hoje isso fere, amanhã também pode curar. para todo sempre.