sábado, 1 de maio de 2021

domingas, domingos, domingues...

 eu não uso mais despertador, 

diariamente acordo com a patinha dela me chamando.

ansiosa pra tomar café com os "avôs" dela, meus pais.

ela também vem me pedir para abrir a porta, pra fazer xixi lá fora.

pode ser a hora que for, ela me chama, com os olhos e com a patinha:

preciso sair.

parece um pedaço de mim, fora de mim,

ela me tira muitas risadas...

- quando pede carinho na barriga, eu não aguento...

foi num domingo o nosso primeiro encontro, ela já me olhava com esses mesmos olhos de quem está conectado a mim.

como almas irmãs... 

hoje tá friozinho, ela deita "caracol" e esquenta meu pé.

quanto faz um solzinho, tá ela lá, deitada sob o sol.

quando não a encontro, já sei onde procurar primeiro: a poltrona favorita dela.

agora pouco ela tava comendo, deitada sobre o potinho...

ah Domingas! Como na música do Jorge Ben:

- morrendo, morrendo de amor por você! 🌻🌿















terça-feira, 30 de março de 2021

eu não me lembrava o quanto dói no peito, o tempo.

eu não me lembrava o quanto dói no peito, o tempo.

deixou de ser um movimento involuntário o ar que entra e sai do meu corpo, mas ainda consigo interpretar o percurso do fluido que passa e volta. ele está a maior parte do tempo, embolado no centro. 

o invisível e o indizível de forma muito misteriosa permanecem armazenados dentro de alguma coisa que chamamos de alma, cuja entrada muitos dizem ser o olhar. eu acredito que a entrada seja pela aorta - algo me diz que as sensações vão muito além do que se pode ver. 

essas sensações, sem o mínimo esforço rasgam, cortam, dilaceram e deixam aos pedaços, a ponto de impotencializar qualquer coisa. o fenômeno que rasga faz do ar que entra, violência - arde como os joelhos ralados do tombo que levamos na praça arapuã. 

petrificado na cama, o sistema límbico começa a trabalhar, muito antes disso, o coração já dava indícios e como se fosse tarde demais, desejamos voltar para aquele dia que a nossa única preocupação era: - se nos veríamos no final de semana seguinte.

o amor transcende as barreiras do tempo, ao mesmo que hoje isso fere, amanhã também pode curar. para todo sempre.