quinta-feira, 25 de junho de 2020


diante de sutilezas o olhar consciente
para Nathalia Favaro

os veios do tronco, as linhas que demarcam a devastação, o trovador segura aquilo que escorre por suas mãos. o barro cardíaco, o barro rígido, o barro líquido e o barro flutuante massas da mesma matéria em momentos de sortilégio, transpiram, vibram, constroem. o vão está entre o corpo e a mata, dentro de um quando fora do outro, dentro de ambos, fora de nenhum.

o corpo peregrina e sua, a mata trabalha por arraigar raízes, transpira e se não, sem vida, sem nada, seco, oco. a gota da seiva que escorre; estruturas polidas de concreto; contraste; coração. a alma posta no fazer, no acontecer; a dança das memórias; o aroma da tarde chuvosa; a gentileza; a esperança; também o amar: amar a vida, amar a morte, amar o outro.

aqui acho que me vejo. logo ali me lembro da árvore que foi-se ao chão por espalhar-se entre os fios que conduzem eletricidade, eles chamam isso de progresso. para nós os espaços estão preenchidos, mesmo que vazios, rastro, presença. eles o espaço saturado, querem saturá-lo ainda mais, explorar, subir, arranhar, ar, não consigo respirar.

chão.


sábado, 16 de maio de 2020


ensaio para o hoje

vídeo carta para Anna Costa e Silva







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