domingo, 23 de abril de 2017

livre, em linhas curvas
sinuosas barganhas
de farfalhar eufórico
branca e lisa
não saia da linha
planície laqueada
aguada, escorregadia
planície laqueada
ferro fundido nas narinas
um tiro e guitarras amarelas
sucessivas cores
cabelos, tambores
estático no metro,
encharcados
de desprezo
balança, balança
desça à sua direita
fitando o piso
suba as escadas
fitando o piso
rode a catraca
fitando o piso
da planície laqueada
branca e lisa
branca e lisa



sexta-feira, 21 de abril de 2017


triste
a caixinha
um punhal
que gira
incessante

o acalanto,
cresceu
floresceu e...
murchou!
rasgado, queimado, 
enterrado, acimentado

MATEI 

a sangue frio
aqui jaz.
ralei sua face
até estranhar
tirei sua pele, tela
de suas visceras, assemblagem
o sangue, tinta
olhos, colares

seus tufos
em amônia
num potinho
o perfume

livrei me
livre
livr
liv
live

terça-feira, 18 de abril de 2017

"os seres habitam a grama
metralham as borboletas em suas crisalidas
o fluído multicolorido ampara suas perdas
encontro o amor realizado
ao mesmo tempo reproduzem a mistura do ódio
ejaculando incertezas num cubo a transpirar"

Part. Gabriel Daniel e Gi Marti

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Sua entradinha era pequena, mas sofisticada,  revestida com papel de parede adornado em formas geométricas pintadas em diferentes tons de cinza, apertados em si, num padrão que se repetia ao discorrer da parede central. Nas laterais, a da esquerda estava preenchida por um vermelho sangue, que parecia vibrar de tão intenso, noutro oposto lembrava um céu noturno sem lua e sem estrelas, quebrando toda aquela palidez cinza da parede central.

A pequena porta de entrada em que parei para observar as paredes lembrou-me cafés no bom estilo inglês, com vidraças quadriculadas e uma pequena escadinha em "L" que levava adentro. O piso era discreto, que nem reparei tanto. A bilheteria era simples e ao seu lado estava instalado um simpático bar, com destaque para a geladeira que era daquelas arredondadas num estilo bem vintage, antiga e vermelha, contrastando com o enegrecer da parede. Naquele curto momento eu era Gustavo, pois meu nome não estava na lista. Isso me deu uma leve tensão em meu pescoço. Se passar por outra pessoa é complicado para alguém, que não sabe mentir.

Entramos, era um picadeiro pequenino, mas aconchegante, ali cabiam no máximo 20 pessoas, era de fato um lugar para poucos, porém, receptível a qualquer um. O espetáculo de hipnose não me surpreendeu tanto, contudo me tirou boas risadas. O que mais me chamou a atenção estava escondido, instalado por de trás das cortinas do palco. Entrar nele era como estar num darkroom, incrível o misticismo que uma cortina pode trazer, ideias eróticas brotavam de meu imaginário, fui longe e custei voltar daquele ambiente em tons escuros onde o destaque estava em pequeninos quadrinhos na parede com molduras barrocas, laqueadas em tons de amarelo, vermelho e azul. Não traziam fotos, mas a estampa do mesmo papel de parede cinza da entrada, ali fiquei um considerável tempo observando, em detalhes.

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